Perfil do assediador e a importância de políticas que reprimam o assedio no trabalho foram temas do XIV Viver Mulher

Recorde de público, com centenas de participantes e, pela primeira vez, aberto ao público, o XIV Seminário Nacional Viver Mulher, um evento totalmente on-line e gratuito realizado pela CONTRATUH, contou com a participação de representantes de diversas regiões do Brasil, autoridades e especialistas. Ocorrido na tarde desta quinta-feira (18), o seminário teve a palavra do presidente da CONTRATUH, Wilson Pereira, que participou brevemente da abertura, agradecendo aos presentes. 

Ainda debilitado pela covid-19, Wilson Pereira passou a palavra para o vice-presidente da entidade, Moacyr Auersvald, que comandou a abertura do evento e ressaltou o vanguardismo da confederação nas discussões acerca dos direitos das mulheres e da igualdade de gênero. “Novamente temos um belo evento, realizado e concretizado por mulheres, conduzido pelas nossas companheiras e que foi novamente um sucesso. Temas extremamente importantes foram tratados e, novamente, reforçamos nosso compromisso com as trabalhadoras”, disse.

Organizado pela diretora da Mulher da CONTRATUH e presidente do SindeBeleza, Maria do Anjos Hellmeister, o Viver Mulher teve nomes de peso em sua composição de palestrantes. “Foi um belo evento, que novamente trouxe discussões importantes para toda a sociedade. Com palestrantes ilustres, várias formas de combater o assédio no ambiente de trabalho vieram a tona. Com. certeza levaremos esses ensinamentos pra nossa base”, disse.

A diretora da Juventude, Jessica Marques, foi responsável por colher as perguntas das participantes para as palestrantes do evento. “Foi gratificante participar de mais esse enriquecedor evento da nossa confederação, que novamente trouxe temas extremamente importantes e atuais para o público presente. Estamos fazendo a diferença na vida das nossas trabalhadoras, pensando em mecanismos que as protejam, construindo redes de apoio entre nós, para que possamos levar mais qualidade de vida para todas as mulheres da nossa sociedade”, disse Jéssica Marques. 

Entre as presenças ilustres, estavam a delegada de polícia da 1ª Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM) de Goiânia (GO), doutora Paula Meotti, e a deputada federal pelo Distrito Federal, Erika Kokay (PT), reconhecida pelos seus trabalhos em defesa dos direitos das mulheres. 

Primeira a palestrar, a doutora Mayra Cotta, fundadora do Bastet Compliance de Gênero, falou do tema “Feminicídio: desfecho de dor e sofrimento”. A especialista ressaltou os aspectos da violência no ambiente de trabalho e as características do agressor. “Chefes assediadores tem comportamentos idênticos a maridos agressores. Os relatos são parecidos com de mulheres que sofrem violência doméstica: ele isola a vítima, manipula, fragiliza autoestima, faz a vítima duvidar da necessidade de ajuda, se arrepende de algo mais enérgico que fez, pede desculpa, mas a gente sabe que não muda. Igual ao marido assediador”, explica.

Em seguida, a palestrante foi a cientista política e ativista feminista Manoela Miklos, que integra a diretoria da organização NOSSAS, que organiza pessoas, desenvolve metodologias e tecnologias para mobilização. Miklos falou sobre “A pandemia de violência contra a mulher e familiar”.

“O maior desafio desta pandemia é das dificuldades de mulheres em casa, que são menos seguras que fora dela. Dados do Brasil e de outros países mostram a escalada da violência contra a mulher nessa pandemia”, alertou Manoela Miklos.

Por último, palestrou Jaqueline Leite, Coordenadora Geral do CHAME, integrante do Comitê Latinoamericano de Mulheres (Clamu) da UITA, organização internacional pelos direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras, palestra com o tema “Convenção 190 da OIT: a eliminação da violência e do assédio no mundo do trabalho”, reforçando a importância de políticas dentro das empresas que reprimam o assédio e respeitem os direitos das trabalhadoras. “A cada 10 pessoas que sofrem violência no mundo do trabalho, 08 são mulheres. Essa violência ou esse assédio acham que é só no ambiente de trabalho, mas abrange o espaço on-line, muitas vezes esse assédio pode ser dentro de uma viagem. Também está na confraternização de empresas fora do ambiente de trabalho. Cláusulas específicas nas convenções coletivas podem mudar essa realidade”, disse.

O secretário Geral da CONTRATUH, Geraldo Gonçalves, que já é conhecido no Viver Mulher por suas palestras enaltecendo a igualdade de gênero, ressaltou mais uma vez a importância do trabalho sindical para mudarmos a realidade da mulher brasileira. “Imaginem a realidade da mulher brasileira, que em sua maioria mora em uma casa de três cômodos, sala, cozinha e um quarto, com todas as dificuldades que já passa diariamente, agora mais o problema da pandemia. Ela fica em casa com seu agressor também. Precisamos mudar essa realidade, denunciar e conscientizar a população do seu papel a frente desse problema”, ressaltou. 

Post anterior
Estado de SP terá restrição de circulação entre 23h e 5h até 14 de março
Próximo post
Senado aprova multa para empresa que pagar salário menor em função do gênero